É um monumento comemorativo das vitórias na Guerra Peninsular, mas, mais do que isso, é um símbolo da resistência minhota. A 15 de Fevereiro de 1809, as tropas francesas comandadas pelo general Soult tentaram entrar em Portugal através de Cerveira, atravessando o Rio Minho. Face à bravura dos cerveirenses, tiveram que recuar e acabaram por entrar em Portugal pela zona de Chaves, Trás-os-Montes.
A Memória foi erguida em honra de todos os heróis da Guerra Peninsular, mas destes bravos um se destaca: o coronel veterano, já com 77 anos, Gonçalo Coelho de Araújo. Foi Gonçalo de Araújo quem organizou armas e milícias na defesa da fronteira junto a esta Vila quando os franceses teriam já o apoio da Fortaleza de Goyan, na Galiza, na outra margem do Rio. Do lado de lá um exército profissional, treinado e com armas à altura. Deste lado, um povo com apenas três canhões – os que restaram das Guerras da Restauração -, e um treino rudimentar, mas cheio de coragem. Quase por milagre, os cerveirenses conseguem impedir a invasão do exército francês.
Também uma mulher mostrou coragem: Resina, esposa do governador do Forte de Lovelhe. Resina, sabendo dos franceses estacionados na fortaleza de Goyan, bem de frente para o Forte de Lovelhe, levantou-se, mesmo em trajes menores. Mandou um artilheiro carregar uma boca-de-fogo e apontou-a a Goyan. O tiro desmoronou a esquina do solar onde se encontravam os franceses, que acabaram por abandonar a casa com medo de serem novamente atingidos.
A primeira pedra deste monumento foi lançada cem anos depois, a 15 de Fevereiro de 1909. Alguns meses mais tarde era inaugurado o monumento da Memória com pompa e circunstância e com direito a missa campal, cortejo e música. A importância da Memória demonstra bem o respeito e o orgulho que as gentes de Cerveira sentem pelo seu passado.
Local: Vila Nova de Cerveira