Cidade Romana de Tongobriga

Marco de Canaveses
Descrição
Situado entre os rios Douro e Tâmega, a 50 km da cidade do Porto, encontra-se o sítio de Tongobriga.
Em Agosto de 1980 deu-se início às escavações arqueológicas no local designado como “Capela dos Mouros”. As Termas e o Fórum são o ex-líbris dos achados. A estrutura castrejo-romana criada em Tongobriga, possivelmente com Augusto, amadureceu politica, administrativa e economicamente, resultando daí a instalação de uma cidade como consequência da estratégia flaviana de ordenamento da Tarraconense. A escavação permite dizer que no final do século I d. C., e ainda no século II, surge Tongobriga como organismo socioeconómico que concentra não só elementos residenciais, mas também uma produção artesanal e actividades sistemáticas de troca que justificavam a construção do fórum. Podemos pensar que surgiu também nessa época como centro estruturado do poder, civitas, com natural preponderância sobre a região envolvente e o seu território. O fórum de Tongobriga salienta-se pelas suas dimensões (área de 9521 m²), englobando os espaços comerciais e religiosos. Construído no início do século II d. C., tinha no lado Sul uma plataforma a que se tinha acesso por escadas, onde estavam as lojas, protegidas pelo telhado de duas águas, suportado por uma colunata em granito, que cobria todo esse lado do fórum. No lado Norte, apresentava uma rua com 7 metros de largura, onde se destacavam duas absides, que terminava numa escadaria próxima das termas. No lado Poente, situava-se o Templo. No lado Nascente, o fórum era limitado por um edifício cuja função é ainda duvidosa, tal o estado de ruína em que foi encontrado. Para construírem em Tongobriga as termas no final do século I d. C., de acordo com um projecto similar, entre outros, aos de Pompeia, Conimbriga e Ostia, os romanos desactivaram um balneário castrejo, vulgarmente conhecido como Pedra Formosa, aqui totalmente esculpido no afloramento granítico. A construção das termas no final do século I, do fórum na primeira metade do século II, e demais edifícios públicos identificados, corresponde ao objectivo de dotar este centro urbano de equipamentos e riqueza arquitectónica, impusessem Tongobriga como centro de atracção e decisão.
Esta cidade, cujo auge identificamos na segunda metade do século II, integrava certamente uma politica de ordenamento da Tarraconense, particularmente para o Noroeste Peninsular e Norte da Meseta. Tongobriga ocupava cerca de 50 hectares. Em comparação com outras cidades romanas, esse espaço permite considerá-la de médias dimensões. As áreas habitacionais ocupam cerca de 7 hectares, o que indicia uma população de 2500 pessoas. Em Tongobriga identificou-se uma necrópole, “fora de portas”, a Sul, junto da estrada. Já aqui tinham sido encontradas peças cerâmicas no final do século XIX aquando da abertura de um caminho. As sepulturas escavadas em Tongobriga desde 1980 mostram a predominância do rito da incineração. Neste cemitério, os romanos abriam valas no afloramento granítico com cerca de 1,5 m de comprimento, 0,5 m de largura e 0,6 m de profundidade, onde depositavam as cinzas do corpo, as peças cerâmicas e moedas. Depois, cobriam as sepulturas com lages de granito e terra.
No território de Tongobriga, marcado pela serra do Marão e pelos Rios Tâmega e Douro, são abundantes os vestígios arqueológicos romanos, dos quais são identificados 125 sítios, o que comprova a intensa ocupação desta região favorecida pela circulação que as vias proporcionavam e pela navegabilidade dos rios Douro e Tâmega.


Local: Marco de Canaveses
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